sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Festas felizes

Uma maneira boa de passar as festas de natal e passagem de ano é com as melhores companhias, entre as quais se encontra a Poesia.
Deixo transcrito um poema de Miguel Torga sobre o natal.


Último Natal

"Menino Jesus, que nasces
Quando eu morro,
E trazes a paz
Que não levo,
O poema que te devo
Desde que te aninhei
No entendimento,
E nunca te paguei
A contento
Da devoção,
Mal entoado,
Aqui te fica mais uma vez
Aos pés,
Como um tição
Apagado,
Sem calor que os aqueça.
Com ele me desobrigo e desengano:
És divino, e eu sou humano,
Não há poesia em mim que te mereça"

Miguel Torga

sábado, 10 de dezembro de 2011

A criatividade dos mais novos

DESILUSÃO


         Há alguns anos atrás, estas casas eram habitadas por uma população muito feliz, que estava sempre muito divertida e alegre.
         Um dia, apareceu lá uma mulher muito bonita, com uns longos cabelos pretos, mais escuros que a escuridão, uns olhos muito negros mas tão brilhantes como o céu estrelado e uma pele tão branca, tão branca, tão branca que até fazia lembrar a cal. Tinha um grande vestido roxo, que ligava muito bem com os sapatos de veludo, com o colar de contas, com os brincos carregados de jóias, com o verniz das unhas e o batom dos lábios, …
         A mulher era tão bonita que todos os homens ficaram encantados. Tão encantados ficaram, que passaram a agir como artistas de circo, na tentativa de a conquistar. Mas foi em vão. A mulher apenas estava lá porque andava a viajar e precisava de algum sítio para passar a noite.
         Os habitantes aceitaram a proposta dele e deixaram-na ficar num celeiro mesmo no fim da praia.
         Mas, o que eles menos esperavam, era que aquela mulher fosse uma bruxa, uma bruxa muito má que andava de aldeia em aldeia saquear e a pilhar tudo o que lá houvesse. Roubou as colheitas dos campos, as casas, os barcos, as igrejas e, no fim, lançou uma maldição:
         - Este mar vai-se assegurar que ninguém volta a entrar nestas casas.
         Então, todos os habitantes se foram embora. Mas antes de irem de vez plantaram quatro árvores na areia, pois não tinham outro sítio para o fazer, (um pinheiro, um cipreste, um choupo e uma faia). Alguns dizem que foi para se lembrarem onde era a aldeia, outros acham que foi para a aldeia não ficar completamente vazia mas eu penso que foi um presente para o mar, para que ele proteja a aldeia e para que se lembre sempre dos seus amigos, os moradores daquele local.
        
Pedro Manso