segunda-feira, 30 de maio de 2011

Alguém, de que agora não lembro o nome disse que "A filosofia diz o que a ciência não pode dizer e a poesia diz o que a filosofia é incapaz de dizer". Significa isto que enquanto a ciência se recusa a ir além do objectivável e a filosofia se fica pelo racionalizável, a poesia abre-se ao não dito e ao irracional, considerando estes "caminhos" como essenciais na compreensão do mundo como um todo.

sábado, 28 de maio de 2011

"A razão é um elástico. Vê se consegues não a esticar muito para não rebentar"

Vergílio Ferreira

quarta-feira, 25 de maio de 2011

terça-feira, 24 de maio de 2011

Rostos nus
tisnados pelo tempo
onde rugas e arrogância
se cruzam no silêncio
do eterno consumado.
Medos traiçoeiros
acautelam seus olhares
em penitente pudor.
Resta apenas
Olhar...
Entrever...
Desejar...
presos ao infinito
de tudo ter
sem nada alcançar.

sábado, 21 de maio de 2011

Esta é a escultura de Cristo que se encontra no interir da nova Basílica de Fátima. Não sei o nome do escultor/a. Também não será preciso.
Porque é esta imagem tão perturbante aos olhos dos fieis comuns? Porque este é um dos Cristos mais belos de Portugal. É um Cristo presente que olha, na proximidade, olhos nos olhos, todos aqueles que com Ele cruzam o olhar. É um nosso igual, um nosso companheiro. Alguém que compreende as nossas dúvidas e partilha as nossas tormentas. É um Cristo humano e por isso atrapalha a visão dos que gostam de esconder, põe a nú os que querem encobrir. Não olha para baixo, nem para o lado. Não está triste nem dorido. Não apela à compaixão mas à alegria. Não se afasta, antes se aproxima. Para além de nosso próximo torna-se nosso igual.
Apenas temos que ser nós mesmos para que Ele seja Um connosco.
Talvez não seja por acaso que é o principal habitante da Basílica do Espírito Santo (ou Santíssima Trindade), conforme a terminologia mais ou menos liberal da Igreja católica.

quinta-feira, 19 de maio de 2011


Participar na festa é sair do tempo quotidiano na intenção de vislumbrar o espaço-tempo original. 
É a visita excepcional e por todos consentida ao fundo de si mesmo.  

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Camilo Castelo Branco, quando passou pela provação do cárcere, escreveu: “Parece que os anjos, para serem felizes, se escondem dos homens”. E os homens para serem infelizes afastam-se uns dos outros. As cadeias prendem os corpos, mas não o espírito. O quotidiano tende agora a enclausurar corpos e espíritos. As novas formas de comunicação facilitam o contacto entre uns e outros, mas confinam-nos à solidão de um clic. Há uns anos atrás usava-se a expressão não vá, telefone. Agora é tempo de promover a sua contrária: não telefone, vá. Os indivíduos comunicam por mensagens sincopadas e assim evitam estar na presença uns dos outros. A afectividade dilui-se nas ondas hertzianas onde a angústia se cruza e a solidão aumenta.
Mas os anjos continuam a sorrir. Com ar alegre e corpos bem proporcionados, depositários de toda a beleza do paraíso, tocam para nós doces melodias, lêem-nos poemas ritmados, brincam à cabra-cega, descansam-nos das correrias desenfreadas… e nós que somos parecidos com eles, tendemos a invejar-lhes tanta felicidade, porque nos tornamos mais adeptos da protecção que nos prometem do que da simpatia que nos causam. Por receio de não saber viver como eles, temos medo de os provocar
Que seria de nós, seres sérios e sisudos, se tivéssemos de viver como os anjos? Como faríamos jus à educação que recebemos, assente no sacrifício e na renúncia, quando, como os anjos, vivêssemos como crianças, onde o ter se nos tornasse um enfado? Não seríamos nada e passaríamos a ser tudo, porque aquilo que somos não nos convém.
Anjos nunca seremos porque fomos nós que os inventamos para suprir as nossas carências, mas podemos ser homens-anjos se reunirmos o melhor que há em cada um em prol de todos. Sendo a nossa natureza boa, procedemos a maior parte das vezes mal. Como não somos capazes de superar as nossas limitações, inventamos seres pelos quais queremos universalizar o que de melhor temos. Compete-nos apenas viver a vida como quem brinca, de preferência sem ocupação nem preocupação. A nossa obrigação é percorrer os esconderijos onde os anjos são felizes para lhes derrubar os muros que simbolizam a barreira entre o que realmente fomos e aquilo em que nos transformamos. Os anjos estão desejosos de voltar a enformar os seus progenitores que somos todos nós.

domingo, 8 de maio de 2011

Quando o outro sou eu

Neste fim de semana na liturgia católica leu-se uma parte do Evangelho de Lucas, 24, 13-35, episódio conhecido por "Discípulos de Emaús".
Dois discípulos de Jesus caminhavam entre Emaús e Jerusalém, comentando os acontecimentos da paixão e morte do Mestre. São interpolados por Jesus, que não reconhecem, e só sabemos que um deles, chamado Cléofas, falou directamente com Jesus, mesmo sem saber que era Ele .
O outro discípulo não é nomeado, porque Lucas quer pôr no lugar dele qualquer um de nós que se interrogue sobre o sentido desta aparição.
Este texto revela que as coisas simples, mesmo que nos pareçam descaradamente presentes, mantêm-se ocultas aos olhos do corpo e às categorias do entendimento. Mostra ainda que o que é mais essencial para cada um, só a interioridade com o auxílio da sensibilidade as podem tornar mais próximas.
Desta forma, o sentido da vida parece-nos distante porque insistimos em procurá-lo no sentido contrário ao que ele se manifesta.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Malhoa, O fado

A propósito da terceira vinda do FMI em menos de 40 anos, convém lembrar o fado português bem representado neste quadro: um povo rude e descuidado, com pouca apetência para o trabalho e muita para a diversão. Pena que até na diversão seja tão patente a lassidão, o desarranjo e o enfado. Afinal tudo isto é fado, tudo isto é Portugal... 

terça-feira, 3 de maio de 2011

do próximo

O próximo não é aquele que me procura mas sim aquele de quem me aproximo: sem condições nem preocupações.

domingo, 1 de maio de 2011

Lima de Freitas

A quem rezam estes homens e mulheres? Qual o valor das suas oferendas? Em que azul do firmamento envolvem os seus olhares? Onde reúnem os seus corpos e repousam as suas almas?