sábado, 27 de fevereiro de 2016

Da Liberdade


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John Stuart Mill (1806-1873) o teórico do utilitarismo e da liberdade individual escreve no ensaio Da liberdade que "O único fim para o qual o poder poderá ser devidamente exercido sobre qualquer membro de uma sociedade civilizada, contra a sua vontade, é a prevenção do mal dos outros".
Aqui fica, então, para os totalitaristas de todos os quadrantes a sugestão de uma boa leitura: é que efectivamente todos os governos, mesmo os democratas, exercem o poder para condicionar a liberdade individual e não para prevenir o mal alheio. Como agora as igrejas não têm poderes temporais, os Estados passaram a doutrinar os povos pela superestrutura escolar domando os indivíduos a uma ideia de bem estar geral que não lhes serve nem pretendem. Impõem, portanto, em nome de todos, um modo de vida que poucos escolhem.
As democracias assentam o seu poder na mediocridade do homem médio e no seu seio há os astutos dos partidos e das ideologias que fazem as regras com que se (auto)elegem para a seguir tornar a vida difícil a todos os que não pretendem seguir a regra geral.
É por isso necessário voltar a ler os clássicos, em vez de seguir a turba, ser igual a si mesmo e não mais um "carneiro no meio da manada" da democracia.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Sobre a eutanásia ou do alívio da má consciência


Sobre a eutanásia ou do alívio da má consciência



Este quadro de 1787 intitulado A Morte de Sócrates é do pintor francês Jacques-Louis David e representa a cena de morte do filósofo grego Sócrates que é narrada por Platão no belo diálogo Apologia de Sócrates.
Agora que em Portugal, a intelectualidade resolveu trazer de novo à discussão a necessidade de tornar legal a morte assistida (seja designada de eutanásia, suicídio assistido, ou qualquer outra designação), convém reflectir sobre esta cena porque:
1. mostra que a discussão sobre a eutanásia é uma espécie de alívio de consciência quando não queremos passar maus tempos a cuidar dos nossos: a morte é inevitável e a nossa função, tal como fazem todos os restantes animais é acompanhar os nossos próximos até que a morte naturalmente os visite, em poucas palavras, cuidar uns dos outros;
2. todos temos o direito natural de decidir sobre a nossa vida e isso para mim é um valor absoluto: aquele ou aquela que queira conscientemente matar-se tem todo o direito de o fazer, quer goze ou não de saúde, esteja ou não em estado terminal, pois o Estado não é proprietário da pessoa;
3. os nossos contemporâneos querem legalizar a eutanásia para "lavarem as mãos" ante as decisões que têm que tomar; qualquer um deve ter o direito de ajudar quem quer que seja a morrer, naturalmente desde que as circunstancias o justifiquem e não configurem qualquer tipo de crime, sem que o Estado nada tenha a ver com os actos praticados - a decisão sobre ligar ou desligar uma máquina, dar medicamentos que prolonguem o sofrimento ou uma medicação que atenue a dor é uma decisão que cabe apenas e só à pessoa envolvida, aos médicos que a seguem e aos seus mais próximos;
4. hoje, a morte só é insuportável se não houver cuidados médicos: o cuidado médico deve dirigir-se para o que é natural e não para o artificial, isto é, se um indivíduo está inutilmente ligado a uma máquina o médico deve pura e simplesmente desligá-la, passando-se o mesmo com a suspensão de uma medicação que não serve para nada a não ser prolongar a debilidade existente, mesmo que seja o prolongar da alimentação por meios artificiais, retomando, assim, o decurso natural da vida, que culminará, nas designadas doenças terminais, na morte a breve prazo. aliás quando cuidávamos uns dos outros era isto mesmo que se passava.
5. a dor infinda, o prolongamento da esperança de vida de um doente terminal ou portador de uma doença degenerativa não é devedora de qualquer processo natural mas sim artificial e como a vida e a morte são naturais, basta que ponhamos de lado o artificial (máquinas, fármacos, etc) e tudo será simples, chegando a morte no tempo aprazado que a natureza consentir. 
Sócrates deixou um exemplo óptimo para meditar: a morte é inevitável e perante ela temos que ter uma atitude natural que nos casos extremos como o seu, tem de ser tomada nas próprias mãos. Não se fingiu diminuído, fez questão de levar à boca, com as próprias mãos a cicuta que o haveria de matar. Os adeptos da eutanásia, na sua maioria, são covardes pois não pedem para si ou os seus próximos o direito de ingerir o veneno ou desligar o botão que os há-de matar. Para ficarem com a sua consciência tranquila e daqueles que lhes são próximos, desejam que o Estado satisfaça os seus interesses, designando um profissional que os injecte ou desligue o botão. As decisões fundamentais sobre cada um de nós só a nós dizem respeito e fugir a essas responsabilidades ou querer assacá-las a terceiros, não é um acto humano.

artur manso
 


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Num jardim com muitas delícias

As delícias e o jardim segundo Bosch


Vale a pena olhar de novo para esta excelente pintura com a explicação de Leonardo Dicaprio, dada ao papa francisco.
Para si este quadro é uma alegoria sobre o desenvolvimento da humanidade e a falta de cuidado do homem com o meio ambiente. Os nossos antepassados abandonaram o Paraíso e todos juntos destruímos o que encontramos. 
Dicaprio conta ainda que a sua exegese lhe surgiu quando criança ao olhar para a reprodução do tríptico que seu pai lhe tinha colocado na cabeceira da cama. Afinal as coisas mais importantes, tal como o Evangelho ensina, são reveladas às crianças e os adultos não querem saber.
 
a manso