quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Sem rei e sem rumo

 Sem rei e sem rumo. Sem alento e sem motivação. Com a espada em riste apontando para o nada. O vento que não move as velas e um vazio povoado por um calmo desespero.
esta é uma possível imagem para a grandeza do belo poema do esquecido Antero de Quental, intitulado O Palácio da ventura que aqui se reproduz:

Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor busco anelante
O palácio encantado da Ventura!
 
Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formosura!
 
Com grandes golpes bato á porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...
Abri-vos portas d'ouro, ante meus ais!
 
Abrem-se as portas d'ouro, com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais!
 
Antero de Quental