segunda-feira, 24 de março de 2014


 Sou um simples adepto do Benfica. Há quase três décadas que estou acostumado às diatribes do sr Pinto da Costa e a ouvir os adeptos do clube que dirige festejarem os títulos com insultos grosseiros ao meu clube.
Gostei sempre da razoável elevação com que o Benfica reagiu aos esquemas da fruta, do calor, da impunidade do apito dourado... apesar de não haver qualquer dúvida de os factos terem ocorrido pois constam das escutas consideradas "ilegais" pelos amigos do Sr. Pinto da Costa.
O homem pode ganhar os processos todos, mas a culpa é um facto. Convinha que alguém lhe explicasse a ele e a quem defende o seu comportamento ilícito e reiterado, à vista de todos, durante décadas que uma coisa é a suposta legalidade que o absolve, mas outra é a moralidade que não pode ser apagada das acções praticadas. mesmo que as escutas, em processos dúbios, sejam pela legalidade consideradas nulas.    
Pensei que o nosso actual treinador, o sr. Jesus, tivesse aprendido algo com tudo isto, mas ainda mais com os dois anos passados, onde o seu ego custou só e apenas dois títulos de campeão nacional ao clube que lhe paga um chorudo ordenado. Pensei que prostrar-se de joelhos aos 93 minutos no jogo do ano anterior no estádio do Dragão lhe tivesse servido para alguma coisa. Pensei que ter perdido a Taça de Portugal no espaço de 10 minutos no último jogo da época lhe tivesse ensinado alguma coisa. Mas tal parece não ter sucedido. os disparates em Guimarães no início da época e agora a cena lamentável com Tim Sherwoord, treinador do Tottenham, logo alargada às altercações com os elementos mais importantes do seu próprio núcleo são a prova provada de como o ego impede a glória. 
Tenho pena que assim seja pois habituei-me mesmo em épocas difíceis de conter a revolta ver da parte de todos uma atitude proactiva.
Para que eventualmente não estrague, mais uma vez, em duas semanas, o que custou uma época a construir, sugiro-lhe o comportamento ordeiro de Sherwoord. É bom ver o treinador adversário recusar estar no banco, lado a lado com quem o desrespeitou e ir sentar-se no meio dos notáveis benfiquistas como um verdadeiro cavalheiro, mostrando respeito e admiração pelo grande clube e pela actual excelente equipa do Benfica.
Jesus deverá pensar que é Deus. É arrogante nas vitórias e medíocre em períodos de crise. Quase viu o Tottenham humilhar a sua estratégia na Luz. Ia pagando caro a sobranceria, como aliás a pagou nos anos anteriores. Seria bom, para o que resta das competições, principalmente do campeonato, que Jesus "descesse à terra" pois se não como referiu no final do jogo Sherwoord, os períodos de afogueamento podem repetir-se e deitar tudo a perder.
Veja lá sr. Jesus se encontra significado para a modéstia, está bem? Não lixe mais uma vez o Benfica que não merece e, aliás, paga-lhe um salário, até agora, muito acima das conquistas que já protagonizou. Olhe que os homens passam, mas as instituições ficam, por isso honre com títulos e não com disparates aquela que agora serve e que lhe deu a oportunidade de se mostrar aos olhos do mundo como treinador.
 

segunda-feira, 3 de março de 2014

Os lírios e os campos, ou de como cada dia se basta a si mesmo

 Uma das parábolas mais fantásticas que se atribuem a Jesus, aparece assim descrita em Mt 6, 24-34:
"Não vos inquieteis quanto à vossa vida, com o que haveis de comer ou beber, nem quanto ao vosso corpo, com o que haveis de vestir. Porventura não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestido? Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam nem recolhem em celeiros; e o vosso pai celeste alimenta-as. Não valeis mais do que elas?
Qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida?
Porque vos preocupais com o vestuário? Olhai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam! Pois Eu vos digo: nem Salomão, em toda a sua magnificência, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã será lançada ao fogo, como não fará muito mais por vós, homens de pouca fé?
Não vos preocupeis, dizendo: que comeremos, que beberemos, ou que vestiremos? Os pagãos, esses sim, afadigam-se com tais coisas; porém, o vosso Pai celeste bem sabe que tendes necessidade de tudo isso. Procurai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais se vos dará por acréscimo. Não vos preocupeis, portanto, com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã já terá as suas preocupações. Basta a cada dia o seu problema".  
Que fez então o Homem para ter que se preocupar com o dia a dia, para se afadigar e arreliar para juntar bens materiais que deixará para usufruto de outros? Porque o Homem não é capaz de viver apenas, encantado pelos lírios da terra e embalado pelas aves do céu? O que da sua essência continua a ignorar? Como resolver o conflito entre a lei mosaica que faz depender a dignidade de cada um da tarefa que desempenha, com as palavras de Jesus que destaca o ócio e a contemplação como fundadores da verdadeira vida?