quarta-feira, 14 de março de 2012

Primavera... outra vez

 Os anos passam. As estações sucedem-se. Os ritos repetem-se. A primavera é a estação da arte, não porque as restantes não o sejam, mas sim porque ela junta a maior tonalidade de cor e a maior diversidade de tons. Botticelli (1444/5-1510) na Alegoria da primavera aqui apresentada, mostra-nos um jardim, de frutos e flores colorido, mas também povoado por corpos esguios de homens e mulheres, proporcionalmente desenhados e estrategicamente vestidos para serem um prolongamento do jardim em que parecem habitar. Contemplando-se uns aos outros, as leves carícias e o todo em que se inserem, sob o olhar e os gestos tutelares de uma figura feminina que colocada sensivelmente ao centro da composição parece supervisionar os olhares, os gestos e os comportamentos, não com um espírito moralizador, mas sim integrador das figuras humanas no contexto da natureza e das relações sensuais.
A primavera é a estação da complementaridade do homem com a natureza e a reconciliação de cada um por intermédio da aproximação sensual ao outro.