domingo, 29 de setembro de 2013

Um dia para os portugueses reflectirem (mais do que para votarem)

Sejam quais forem os resultados eleitorais de hoje é o país que perde. Não por haver eleições, mas sim por haver estas eleições. São as eleições da grande família republicana, isto é a manutenção de uma clientela e a substituição de outra tanta. Para lá disso está um povo de pedintes, sujeito ao protetorado da Troika para não cair na miséria total fruto do governo destes senhores e dos seus amigos que hoje terão, novamente, o seu prémio. Da esquerda à direita.
Como é possível num país "depenado" continuar a haver trezentos e muitos municípios - quando 30 seria o número suficiente - e milhares de freguesias, onde nem há povo, nem maneira de o arranjar. Nalguns locais arriscamo-nos a ter mais eleitos que eleitores.
Todos gritam contra a Troika, mas todos os partidos querem mais freguesias e municípios. Parece que a maléfica Troika percebeu o esquema e pediu para que se pensasse numa organização administrativa para o século XIX, mas os partidos, os que são a favor e os contra, fizeram ouvidos de mercador e preferem manter a estrutura administrativa do Marquês de Pombal. Um grande exército de incompetentes pagos com o orçamento do Estado. Os republicanos e os socialistas retalharam o país e criaram à custa do dinheiro de todos os feudos para os amigos. Em torno do Porto há quase uma dúzia de municípios que para nada servem. veja-se o caso gritante da Póvoa de Varzim e de Vila do Conde, de Matosinhos e da Maia, de Gondomar e Valongo... veja-se o nordeste transmontano com dezenas de municípios, quando dois chegavam e sobravam. Veja-se o comunista Alentejo onde provavelmente há mais eleitos que eleitores. 
E o povo vota e não diz nada pois quer o fontenário, o rendimento mínimo, a isenção de qualquer coisa... e que os outros, os que produzem riqueza e dão emprego, paguem, aos governantes que se hão-de reformar passados poucos anos e as melhorias exigidas pelo voto que lhes dá as regalias. É esta a nossa República que recheia o perú para repartir pelos políticos de todas as cores, enquanto coberto pela toalha do orçamento fica o que resta de tantos desgovernos. Dívida e mais dívida que alguém há-de pagar... mas mais que tudo um futuro sem perspetiva para os mais novos 
Talvez em democracia todos os descontentes devessem votar útil e em massa - todos os votos em branco - para ver se a coisa muda. O regime está a implodir e tal qual o ajustamento, ou se trata do assunto a tempo ou então não restará nada para repartir. 
 
 
O meu patriotismo, contudo, perante o penoso cenário das eleições municipais, fica agradecido a mais dois portugueses que hoje se destacaram pelos seus feitos desportivos: Rui Costa que se sagrou campeão do mundo de atletismo e João Sousa, primeiro português a ganhar um torneio do ATP World Tour. Deixo os exemplos populares do desporto que agradam a todos, mas podia falar das medalhas conquistadas pelos nossos jovens há dias nos mundiais de matemática e a tantos outros exemplos valorosos e com capacidades bem diferentes dos incompetentes a quem democraticamente entregamos o nosso governo. 
Portugal não está morto, apenas asfixiado pelo exército dos políticos que o impedem de respirar. Um dia o valor do nosso povo voltará à tona e a nossa Nação pobre e sujeita voltará a erguer-se. Mas não com esta gente, mas não desta maneira.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Das épocas e dos indivíduos

 A propósito de cada época Bellow faz dizer a uma sua personagem: "Temos de tirar da cabeça a ideia de que estamos numa época condenada, de que estamos à espera do fim, e coisas que tais, perfeitos disparates de revistas da moda. A situação é já suficientemente sombria sem estas brincadeiras lúgubres".
Esta é a mais pura realidade: nos tempos de prosperidade não imaginamos o cenário oposto - tal como enquanto temos saúde não nos preocupamos com a doença, quando temos dinheiro, não pensamos na pobreza e assim sucessivamente... As épocas são todas "condenadas" porque a vida de cada um também o é. Cada época exige os seus sacrifícios numa espécie de imitação do desenvolvimento de cada indivíduo desde o nascimento até à inexorabilidade da morte.