Hoje, dizem, é o dia da liberdade. Erro de quem assim pensa. A liberdade é um exercício diário e não a rememoração de um acontecimento. Tem mais a ver com o empenho de cada um para realmente se tornar naquilo que o caracteriza enquanto ser humano, do que com a libertação de qualquer tipo de opressão: física, psicológica, ou de outra espécie. A este propósito já nos lembrou Fichte que "Ser livre não é nada, tornar-me livre é tudo".
E Miguel Torga em poema deixou, para se meditar:
"- Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre nosso que sabia,
A pedir-te humildemente,
O pão de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.
- Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.
Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
- Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome".
O resto é conversa sobre como fugir às nossas respnsabilidades do dia a dia.
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