quinta-feira, 24 de abril de 2014

O povo de Portugal








Mas a "prática" de ser português é essencialmente viver como que atormentado com o dia a dia. É tudo mau, nada presta, apenas equívocos e lamentações. Povo dominado pela mesquinhez e desconfiança. Como escreve Pessoa "tudo o que faço/faço pela metade" e "nada é verdade". Ou noutro escrito de Agustina Bessa Luís "Há no português uma imobilidade sem mística que, se não o aproxima do oriente lhe dá um desprezo pela inovação. A sua curiosidade é artesanal e não especulativa. A falta de contacto com a cultura europeia acabou por produzir um estilo de letrado apenas obstinado na máquina gramatical e sem qualquer agilidade de pensamento. A língua pátria tornou-se um objectivo e não um meio em que evoluem concepções e ideias, movimentos e paixões".
E é um pouco assim, mas parte do isolamento em que Portugal viveu é culpa própria. Aqueles que do seu povo, tinham a sorte de viajar, ou aqueles, ainda que poucos, iam fazer a sua formação ao estrangeiro, regressavam a lugares de mando, apenas acrescentado submissão e ignorância à sua volta. Não partilhavam nem o conhecimento adquirido, nem tão pouco ajudavam a "abrir outros horizontes".
Um dos factores da ignorância do povo português, da sua passividade e imobilismo deve-se àqueles que os vêm governando e aos que os têm educado que sendo, na maioria cosmopolitas e conhecedores do que se faz lá fora, fazem questão de manter o povo na ignorância alargada para que os seus lugares de mando não sejam postos em perigo. Talvez o pior inimigo do povo português não esteja lá fora, mas em cada um de nós que vê no seu vizinho, um adversário e não um cooperante. O português, por falta de educação e cultura deixa-se deslumbrar pelo palavreado daqueles que vivem à custa do suor alheio, prometendo muito, mas incapazes de realizar o que quer que seja. quarenta anos de democracia mostram isso mesmo: um parlamento ocupado por ignorantes bem falantes, que nada mais aprenderam a fazer que a distribuir cargos e benesses públicas por uns e por outros. Não sabem, nunca souberam e ninguém lhes explicou que a acção política é de serviço, não de mando e por isso deve ser, como dizem do estado social, universal e tendencialmente gratuita. Recrutar meninos e meninas incompetentes nas "jotas" e torná-los desde a adolescência até à morte em burocratas e funcionários públicos muito bem pagos será meio caminho andado para que um dia o tal povo acomodado os vote totalmente ao desprezo - ainda mais do que são agora votados - e os obrigue, como é obrigação de cada indivíduo, a arranjar uma ocupação de acordo com os seus saberes e habilitações, passando a viver do seu trabalho e não do trabalho alheio como até agora os habituaram e em cujo esquema se continuam a mover.    
Portugal é um país pequeno de grande história e excelente gente, mas normalmente governado por incompetentes.

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