sexta-feira, 9 de maio de 2014



 J. Goethe (1749-1832) escreveu: "Qual o melhor dos governos? Aquele que nos ensino a governármo-nos a nós próprios". É exactamente o que tem faltado aos portugueses. Na nação portuguesa vão aparecendo uns governantes que pouco ou nada sabem do que estão a fazer. Prometem muito, mas não fazem nada e a consequência é a frequência com que entregam a governação do seu povo, a mãos estrangeiras. Com a Democracia de Abril chegou o FMI e a Troika. Mas o hábito já vem de longe. A resistência às invasões francesas que incluiu o plano de fuga do rei para o Brasil foi comandada pelos  ingleses e a monarquia constitucional (1820-1910) depressa gerou uma desunião dos governantes que nunca mais acabou. A partir daí, até ao fim da primeira república e depois com o advento da democracia em 1974, instala-se entre as elites governativas um jogo permanente de influencia pela exercício do poder. Os blocos políticos fragmentam-se porque a vaidade daqueles que os lideram se mostrou sempre superior ao interesse público. Como só um pode ser o primeiro ministro - os outros têm por estatuto que estar sob as suas ordens - o que leva de imediato os 'perdedores' do poder junto dos seus correligionários - a formar novas forças políticas que se possam impor às fações que detêm o poder.  
A tradição em Portugal não é governar o povo nem dar-lhe os instrumentos necessários para que se governe, mas sim alimentar as clientelas das fações partidárias que alimentam um poder medíocre, tão medíocre como aqueles que as servem. Veja-se os dezasseis anos da primeira república: mais de quatro dezenas de governos - sempre ou quase sempre chefiados pelos mesmos que no poder se iam revezando a sua incompetência, que se estendia a todos os membros do executivo, que também eles se revezavam uns aos outros, muitas vezes retornando ao mesmo lugar sem a cadeira ainda ter "arrefecido". 
Os portugueses, nesse tempo, com muito analfabeto e pouca educação, em nada diferiam dos de hoje que vêm exactamente os mesmos políticos sucederem-se em diversos ministérios, transitando daí toda a sua incompetência governativa para o poder local, ou vice versa, sendo assim a desgraça maior pois a sua incompetência espalhar-se-á por áreas enormes da sociedade e depois, pasme-se da exigência do nosso povo que dá tempo de antena e audiência a centenas de políticos "reformados" que depois de todos juntos terem levado o país à ruina, passam, agora, a conselheiros televisivos, educadores de massas furiosas com a austeridade instalada. Até o serviço público de televisão teve a lata de contratar com o dinheiro dos contribuintes, o governante que mais os desgraçou e que agora mantém o seu alto nível de vida com o sofrimento de tantos que diz estar ali a proteger. Um povo que aceita tanto descaramento, não é com certeza, um povo bem educado e consciente da sua real situação. As massas que os aplaudem no discurso do quanto pior melhor, são exactamente as mesmas que os criticavam quando eram (des)governantes. São estes senhores e senhoras que depois de décadas a executar políticas erradas que provocaram o caos, agora, com a sua proveta idade e o estatuto de ex-governantes (in)competentes, têm solução para todas as crises. E o povo que exulta com tanta sabedoria e competência, nunca é capaz de lhe perguntar: Onde estiveste ao longo destas quase quatro décadas em que se foi cavando o buraco onde Portugal acabou por se afundar? Porventura não eras o mesmo/a que apresentavas, em nome de diversos governos, como secretário ou ministro tantas e tantas soluções boas para o país? Afinal de que país estavas a falar?      



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