quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Um sentimento intrigante


Natureza vs Cultura


Baudelaire (1821-1867) em O pintor da vida moderna contesta a ideia do séc XVIII relativa à moral, criticando o facto de nesse século a natureza ter sido tomada como base, fonte e modelo de todo o bem e de toda a beleza pois considera que "A natureza não ensina nada. ela constrange o homem a comer, beber e dormir.
Leva o homem a matar o seu semelhante, a comê-lo, a sequestrá-lo, a torturá-lo. A natureza aconselha ao crime: criou o parricídio, a antropofagia e outras abominações. A natureza - que é a voz do nosso interesse - ordena-nos que abatamos os pobres e desprezemos os enfermos. Na natureza apenas há atrocidades. O crime é natural, o mal faz-se naturalmente".
Mas diz mais: "É a filosofia e a religião - que não são naturais mas 'construções humanas' -, que nos ordenam que alimentemos os parentes pobres e tomemos conta dos enfermos. ambas - filosofia e religião - promovem a virtude. o bem é fruto de uma Arte".
Terá ou não razão. Mas a sua reflexão está mais perto do natural decurso da existência do que a de Rousseau (1712-1778) que sonhava com o tal estado da natureza habitado pelo bom selvagem. Convém dizer que do primeiro apenas se ouve falar e o segundo não deixou rasto.  

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